sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Céu estrelado















Para dentro da noite e fazendo mistério das coisas
menores, o céu estrelado estende-se em diamantes.
A capacidade em descobri-lo com o pensamento
tem o nome do impossível porque o pensamento
possui a fome dos micróbios em corroer depressa as coisas belas.
É por este motivo que chega gente a toda hora em sua plataforma
vestida para rápidas e estudiosas visitas e
movendo-se no sentido do vento ao fazer torvelinhos.
As visitas duram uma fração de segundo -
apenas o tempo curto de um piscar de olhos
pois o céu, mesmo sendo eterno em sua vastidão,
necessita distribuir-se à ânsia de todos os olhares enfileirados.
Nas coisas menores, a terra mansa também deita-se
na precariedade de seu destino, imitando uma cúpula reluzente.
Mas aos dois, céu e terra, um silêncio profundo paira
para os que os testemunham sem respostas a tantas perguntas.
O tempo é imparcial e assopra o mistério secular no cumprimento
de quem passeia à tardinha devagar.
Em cada passeio espera-se pela noite e pelo céu
com o coração enfeitado com as cores do poente
e a os pés descalços aquecidos pela manhã
porque da manhã mansa, a real esperança  
nunca se desmancha e o pensamento aluado faz contas.
Num gozo de ave agasalhada em algum galho,
recolhe-se ao final das tardes,
coleciona encantos em seu embornal de humano.
Então a razão – impossível não desconfiar - é insuficiente
para desvendar os grandes mistérios da Natureza
se o céu, a terra, a noite e o tempo estão
enigmaticamente misturados numa emulsão
decifrável apenas para aqueles que fazem uso das vias da intuição.

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