domingo, 17 de agosto de 2014

Transfiguração



















Quando a honra de bronze, depois
de ter sido objeto obsessivo,
já não fazia mais sentido
e com a mão do adeus acenava ao longe.
Quando o velho mundo, em miséria incompleta,
confessou toda a sua falta de recurso para as coisas belas.
Quando a coragem exacerbada,
em sua inexatidão débil,
assumiu-se porcelana na estrada fértil
da grande aventura humana.
Quando já não havia suficientemente vapor
e a solidão cansativa doutrinava o seu credo.
Foi aí, então, ao final da trilha,
que apareceu aquele moço belo,
dizendo a palavra-chave que salvaria tudo.
Explicando, de forma convincente,
que a vida havia sido capaz de preencher
com significativas belezas
o vazio das fundações dos prédios
nos interregnos que revelam todas as ilusões
e que a esperança planta flores na via cansativa
para que não nos ponhamos à deriva.
Nesta exata hora, o desespero,
saltando para fora a sua corda,
fez uma curva de certeza
e entrou pela mata picando outra vereda.
A lua dissimulada derramou delicadeza
naquela civilização acumulada
e a noite turva, derramando-se pelos altos,
entornou-se no sono das petúnias
e fez aparecer, então, sentido nesta fala de gentileza.
No momento agudo, em menos de um minuto,
o escuro debandou-se com sua fome de gula
pois havia encontrado ali, a esperança na natureza.


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