domingo, 10 de agosto de 2014

Arrebol














No entusiasmo qualquer por uma conquista,
esse pressentimento de festa,
esse fogo crepitando a labareda da vitória,
esse queimar de artifício no céu de um ano novo,
essa explosão incontida, esse gozo
hão, enfim, de fazer justiça por tanta espera.
E não haverá nãos nos cantos fechados
onde antes só havia pinhão-roxo.
Sem demora, hão de se abrir todas as celas.
O azeite fumegante das lamparinas
será o protagonista de um incêndio
e os ouvidos fracos, que antes,
quase não escutavam,
ouvirão a nova cantilena.
A voz mais contundente será a dos operários.
Daqueles que trabalham por míseros salários.
Depois, se ouvirão as mães dos sertões
com os olhos compridos e envolvendo
em seu calor seus queridos filhos.
Elas colherão seu benefício por terem se calado
na sede de tantas gerações.
E o Brasil dos morros tomados em assalto,
da corrupção, dos apagões anunciados,
será o palanque enfatiotado de um novo arrebol
muito mais interessante que toda alegria
gerada nesses anos todos de futebol.


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