Cavalgo quase
me sucumbindo de tanto cansaço
por tantos
girassóis que habitam o meu sono pesado.
Minha poesia é
feita disso: desse cansaço,
desse galope em
forma de soluço,
dessas fendas
na miragem que descerram-me
às vezes o seu
poço oculto.
Desde o início
eu sempre quis saber
o que se
escondia nos abismos,
e olhava para a
treva fazendo dos meus temores
espanto e
encantamento para a alma do poeta.
Assim dou
graças porque a substância da alma pesa
mas os
girassóis brilham e, com eles,
apesar de
cansado, eu versejo.
Em cada verso
há uma parte de mim acordado.
Há esta voz
cheia de ar e telhados
com a qual me
arrasto e me liberto.
.