sexta-feira, 25 de maio de 2018

Prometeu Evaporado














A equivalência entre o sonho e a vida
carrega o tempo todo a sua medida.
Se a vida planeja a realidade do sonho
sem saber a distância do ponto,
há um mistério de trilhar ou não
as voltas malandras da ilusão.
Ao sonhar o real, o convite zune
no afiado reflexo de um gume
e degola-se circunspecto o delírio
agonizante em seu martírio.
Ao meio, decepado, o sonho fundo
solta um gemido vagabundo.
Evaporou-se o êxito no tempo ido
e a vida lamenta o sonho perdido.
Já não há mais estrada pela frente,
mas, mesmo assim, noutra voz diferente
lateja o músculo da aventura,
pois, enquanto há vida o sonho fica,
levanta-se robusto nos dias,
olha o Sol do futuro e avança
para  o fígado do herói que afiança.
É Prometeu envolvido nas lidas do ciclo,
sem medo de sonhar acorrentado
e sem arrependimento do fogo dado.
Plantou no coração dos homens a chama.
Pode suspirar e murmurar seus nomes
para uma nova jornada de caça.
À frente e sem pressa o sonho espera
o fogo da vida que acende a meta.