segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Selfie



















Na teia da aldeia de McLuhan,
tarde em Zimbabwe, 
manhã em Roterdã.
Na velocidade têxtil 
e hábil de um alfarrábio,
um constante rolimã 
na página estendida
com a notícia do dia, 
mas ela não está nem aí.
Está sozinha nos afazeres de rotina.
No que abre e fecha 
a flecha de um satélite na retina,
fotografa o flagrante 
no instante dela na piscina.
Sonâmbula e esquecida, 
ela não vê a tarântula em sua vida
e deixa o tempo correr 
porque o tempo não vaticina.

A guerra do Iraque 
foi um baile, e o neon
no cheiro da Grande Maçã 
não é doce ilusão em braile,
porque a rainha não se sente cega 
e analfabeta na escuridão.
Depositou-se envolta 
numa polpa de caqui
e a dificuldade alheia
não lhe interessa na pressa
em se exibir.
A sensualidade é a sua única verdade 
no concurso de uma beleza de areia
que desabrocha feito rosa
na beira da praia em maré-cheia.


.