sábado, 13 de março de 2021

Instalações Subterrâneas







Eu sigo visitando um tanto de lugares

com o volumoso desejo

de construir liberdades em aberto.

De Aquiles procuro aqueles

com o tendão descoberto

e faço juras de amor incerto.

 

A minha linha não é reta

e me apresento aonde me conhecem

e onde sou, para quem dorme,

apenas o vento acariciando

as árvores estáticas

com o enorme invento

de um moinho com rodas fantásticas.

 

Reivindico os inocentes dispersos de futuro

para acomodá-los feito peixes

numa sala iluminada de bem maduro.

 

Em todo o esplendor flui a vida,

balançando-se na dança

de vitórias e perfídias,

mas, acima dos rompantes meus,

estou deitado nas mãos de Deus,

e lanço visões que sempre se instalam

insistentes desmanchando misérias humanas

quando espalho luz onde há sombras.

Luz com as mãos de algodão.

Mãos de seda sussurrando

o vício desfrado das bandeiras.

 

Quando já são idas todas as alegrias

e a indispensável esperança,

a minha mão, em precipícios erguida,

rege sempre estendida, à beira,

a palavra oculta e sinfônica.

Então, os miseráveis corações com fome,

embarcados numa carruagem insone,

seguem tangenciando-se à frente,

divisando o tão sonhado porto.

 

Assim como vos digo,

embarco com eles

em assombros e perigos,

tornando a extensão do Amor o meu conforto.



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