Homem e cachorro passeiam
ao sabor do vento.
Passeiam encarnados e pulsando odores
que entram por suas narinas,
percorrem-lhes o corpo
e desatam-se ao final da tarde.
O vento é liso, a calçada é dura, a paisagem é curva.
Passam carros, outros homens, casas e figuras.
Longe está o que ficou para trás,
À frente um alvo, ponto-final em aguarrás.
Quantas horas são? Inexiste o tempo.
O espaço é espesso e de textura
aveludada como um pelo.
Os sons dos carros entram-lhes aos ouvidos.
O bronze retine e eles escutam-se
andando com passos firmes.
O homem olha o volume das coisas,
pensa e calcula. O cachorro late.
Ambos misturam seus corpos à tarde.
Há um fluxo que não se assusta porque não sente.
Há um impulso a cada passo à frente.
Os obstáculos formam o espetáculo.
Quantas horas são? Apenas uma brevidade
inundando a intercorporeidade.
Homem e cachorro transitam tranquilos
na tarde fugaz dissolvendo-se em aguarrás.
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