segunda-feira, 15 de outubro de 2012

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À soleira da porta eu imploro
um bocadinho de coragem
para seguir viagem nesta procissão
sonâmbula nos fundos valos das cavernas,
comungando de visões eternas
amarrotadas em flores.
No estar-se à mercê do infinito,
cada qual abraça o seu jardim aflitivo,
mas os roseirais são muitos,
todos plenos de louvores,
todos santos redentores,
e o silêncio vale ouro.
Por isso, enriqueço-me em ignorância.
Ah, minha santa ignorância!
Para cada fio de segredo armazeno
um tufo de cabelos e deixo oculto
o porto de chegada em detrimento
da beleza da estrada.
Para a grande descoberta,
a expectativa será sempre velha
pois, no ponto final gastou-se a fúria,
amainou-se a busca e toda a história
foi-se, posto que aparenta ser,
embora não exista ponto final.
O que existem são magníficas surpresas
para a verdade numa estrada de belezas.
Vejo tudo com olhos de menino,
anoto tudo em meu diário de bordo,
reviro infernos em meus versos.
Até mesmo os infernos são belos
se não se fecham em verdade
mas mantêm-se sempre abertos.



4 comentários:

  1. meu irmão Bispo

    seu verso assim aberto
    é de encantar

    saudades tuas
    forte abraço

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  2. Oh, que sensação de alívio e conforto poder enriquecer em ignorâncias!
    Agora me senti em casa :)

    beijoss

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  3. Mano Pizano, é verso de pipa em azul de domingo ainda incerto mas há de haver vento. Abração.

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  4. Lelena. esta sala de estar é muito boa mesmo. É um caminho no qual nos perdemos ao encontrá-lo. Beijocas.

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Reverbere!