sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Minúsculo


Com o olhar de percevejo vejo,
no lugarejo antigo onde
o chafariz orienta o alpendre da casa
e a alma produz uma silenciosa pancada,
o tempo me espiando.

O estampido surdo do infinito,
a explosão de um cisco,
o espanejar de um mosquito
eu ouço e, com olhar de percevejo,
me ajoelho diante do fuso,
do veio incontável e incontido,
do eixo original e do prumo fixo.
E peço que eu não durma tanto,
que eu não morra tanto,
que eu não seja tão granito,
e que as nuvens também me espiem.

Na planta do pé e na palma da mão
eu vejo, com olhar de percevejo,
fundos caminhos.
Mas, na plataforma apinhada,
a casca das coisas nas pálpebras cerradas
faz com que eu durma devagarinho.

Eu acordo no zero alvoroçado
dos passarinhos com tantas alturas
e profundezas tantas, que me
horizonto em braços de ternura
e saúdo a eternidade pronta.
Nela, uma cantiga repetitiva
me espia enquanto busco,
com este olhar minúsculo,
tudo o que é pequeno,
tudo o que é distante,
tudo o que é sereno.




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2 comentários:

  1. Esse olhar de percevejo enxerga longe!!! Tá lindo o blog! Parabéns!

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  2. Grato pela visita, querida. Compartilho desse olhar contigo também. Beijocas.

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Reverbere!