terça-feira, 19 de agosto de 2014

Herança















Que fiquem tuas lembranças de liquens,
teus olhos de lince,
teus gestos de libra,
tua alma simbólica num bólido que sempre abdica.

Que fiquem tuas contas em conta-gotas,
teus vestidos e o teu lado de moça,
tua louça contida numa bolha,
tuas flores dormindo na noite.

O relâmpago da certeza se perdeu,
os pássaros esconderam-se no canavial,
as sementes que choviam nas vaias morreram,
os peixes que soluçavam no fundo do peito dormiram,
e a frase eu te amo é uma velha grisalha com o vestido esfarrapado.
Em que circunstância bela foi se perder o teu coração
quando te punhas nesta cidadela de proteção?



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6 comentários:

  1. "Que fiquem tuas contas em conta-gotas,
    teus vestidos e o teu lado de moça,
    tua louça contida numa bolha,
    tuas flores dormindo numa noite."

    Bom demais da conta, sô Bispo!

    Abração

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  2. Feito espuma de onda na praia.

    Belíssimo!
    Abraço, poeta

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  3. Agradeço-lhe imensamente, Tuca Zamagna. Suas palavras trazem-me motivação para continuar escrevendo e publicando! Grande abraço!!!

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  4. Marlene Edir Severino, é um grande prazer ter você por aqui, entre os leitores deste minifúndio. Seja sempre bem vinda. Grande abraço!!!

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  5. Dario B., grato pelas suas palavras aqui e no facebook. Seja sempre bem vindo, poeta. Sua presença muito me alegra! Grande abraço!!!

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Reverbere!