quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Flor de Lótus















O mundo dos lobisomens
é feito insistentemente do recomeço
porque o fim do mundo mesmo,
não é onde Judas perdeu as botas.
Não está no final de uma rota
nem é o óbito catastrófico
do vestígio de um vento radioativo  
ou terremoto a varrer os portos
com ondas imensas de um milhão de mortos.
O fim do mundo é o insistente tropeço
cada vez que desaparece o homem
e toma o seu lugar o lobo vesgo.

Ao se destampar a boca-de-lobo
para jorrar a água dos esgotos,
há de se ter uma pequena arca projetada
que carregue a humanidade preservada
para conter o impulso de um dilúvio súbito
que arraste a joia suscetível da calma.
No curso das tolerâncias, a flor do lodo
é a esperança apaziguadora dos mino-touros.
É a lúcida mansidão diante de um soco.
É a resposta última à febre insana
de não se lutar em vão diante de uma
atitude tirana que faça declinar,
por um segundo que seja, a casa da nobreza
onde mora o tesouro do coração.





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