sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Geração esponânea
















O homem que mata e come,
tem a escrita do seu nome
na tripa de um abdome.
Tem na cápsula de ar comprimido
a salvação do mal adquirido.
Tem na espátula, o movimento da mistura
para cimentar lacunas do intestino,
onde gritam os ácidos pelos
alimentos ingeridos.
No almoço ordinário, possui o almaço vago
onde saltam os nutrientes
numa fila de pára-quedistas indigentes.
Porém, quando a dor avermelha-se,
imagina que o estômago é usina
movida não somente a combustível
de vitaminas, mas, pelos estrondos
de um armazém em incontáveis vinténs.
Ao comer comida, esquece que também comeu
palavras e sonos que latejam insetos aos berros.
Apalpa-se agônico, buscando amparo
na perambeira de um desmaio
porque de tudo encheu sua barriga
e germinou ratos numa algazarra irrompida.




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