domingo, 7 de dezembro de 2014

Via Lactea














                      Para o poeta André Eugênio,
                      que bateu asas.

Valeu a pena os momentos difíceis.
Fiquemos felizes, pois prêmio das batalhas
dissolveu as léguas da via Apia.
Permanece sozinha, agora, a crisálida
(a borboleta foi visitar a via Láctea).
Permanece fechada a cápsula
no silêncio de casa abandonada.
A antiga forma adquiriu asas
e foi, vestida de borboleta, consultar estrelas.
Foi, colorida, recordar belezas que um dia deixara.
Despertou-se alegre no Sol maduro de seara
e não há mais importância no receptáculo
se adianta-se, nesse momento, um novo espetáculo.
Na casa do verdadeiro coração,
a sua Poesia flui, agora, no rio eterno e límpido.
O coral das águas relança-se em pingos
e aqui, em nossa terra árida,
namora a lavoura dos verbos.
Chegam de lá notícias a toda hora
em forma de canções e palavras assopradas
que escrevem, com asas de borboletas,
o universo pleno onde a voz de uma cigarra
verte palavras entusiasmadas no sereno.







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