sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Desenho Mágico













Se ficasse encharcada
com restos reluzentes de silêncio
e,  em seu elevado mosteiro, estagnada,
a paz ficaria entregue à sentença 
de sua comodidade e, 
longe do que lhe é costumeiro,
gozaria de si mesmo acomodada numa
constante estabilidade enclausurada.
Mas não. Muito longe disso tudo,
é na aventura e no risco de ser aniquilada
a qualquer momento que robustece o seu vulto.
É na inspiração de um instante, querendo salvar-se
nas águas revoltas à mercê das forças,
que se faz presente e, apesar do tumulto
e dos insultos, responde continuamente calada.
Quanto mais é provocada e testada, eleva-se.
Na pressa raivosa dos impacientes,
escolhe-se branda e, lenta e serena,
permanece inatingível e quieta.
Espalha-se numa reta, mesmo que desapercebida,
em minúsculas gotas dissolvidas
para insinuar-se num lapso de vida.
Nos casos de contendas, esforça-se
em acalmar a turba escalena
por um segundo que seja.
Deseja no mundo cumprir o destino
de andar por entre os homens em desatino
e difundir a substância vagarosa do firmamento
onde as estrelas e seu alumbramento
unem constelações em desenhos
que revelam um castelo mágico.
É destes altos estágios e não na Terra,
onde atua no exercício diário do limite precário,
que entoa uma canção que, 
de vez em quando, cá embaixo,
fechamos os olhos e a ouvimos.




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2 comentários:

  1. Sensacional, poeta, é hora de pensar num segundo livro, rs. Abração.

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  2. Grato pelo incentivo, mano Dario Banas! Creio que esse ano que chega nos trará novas oportunidades de publicações. Assim espero e quero. Abraços.

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