domingo, 23 de novembro de 2014

Vitória-Minas














Pelo ferro vai o trilho, o minério,
gameleira, lua cheia, noite alta,
madrugada, vai o dia, vai o rio,
passa-casa, passa-casa, passa-casa.
Passa breve a parada, passa-morro,
passa-lago, passa-carro, passa seco,
passa barro, passarinho, passa ninho,
passa gosto de cocada, passa nuvem,
passa moça, passa sonho, passa fundo,
passa tempo, passa raso, passa caso
por acaso, passa túnel, passa certo,
passa vale, passa mina, passa agosto,
boi rumina, passa lama, passa iodo no salobro.
Passa doido no delírio do seu ouro,
cata o cisco, cata-mica, cata-couro e cata lodo.
Passa ponte num instante, passa-ano,
passa monte, passa fundo, passa raso,
passa feira de mercado, passa manga
na mangueira, passa fruta, goiabeira,
passa cerca fazendeira com cigano acampado.
Passa poste, passa rua, todo dia
passa tudo, correria, bate-perna, bate-perna.
A menina na janela imagina a novela,
passa-casa, passa tempo numa espera,
no vazio de uma tela passa tudo numa reta,
passa curva, passa logo o pavio de uma vela,
passa trilho, vai de lado, vai correndo deslizado,
o navio já espera, já espera, já espera,
numa tela azulada vai embora nesta hora
vai levando, vai levando todo ferro retirado ...



.

4 comentários:

  1. Perfeito, poeta, já fiz esse percurso de trem e é mesmo uma diliça, como o teu poema, rs Abração.

    ResponderExcluir
  2. É uma diliça mesmo, querido Dario Banas! Grato pela presença sempre generosa em minhas publicações! Grande abraço!!!

    ResponderExcluir
  3. Que bom que gostou, Sylvio de Alencar! Seja bem vindo a essa modesta casa! Grande abraço!

    ResponderExcluir

Reverbere!