quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Faixa de Gaza














Na Faixa de Gaza,
um anjo reza no impulso beligerante
e aquartelado de uma cidadela.
Reza numa silenciosa promessa alada,
cuja resposta virá nos momentos difíceis
em que as asas dos mísseis
escapam da cela.
Depois das explosões e da fumaça,
depois da destruição que devasta,
é bem provável que tudo pareça
um vazio de nada.
Então, nos campos onde deitaram-se os corpos,
nascerão flores para receber
continuamente uma nova safra de gentes.
Nos portos, onde a primavera
da natureza humana nunca se descansa,
haverá outro ciclo de oportunidades
em se desviar dos precipícios
na contínua promessa de felicidade.
O anjo reza sabendo de tudo isso.
Reza, compreendendo o fulcro
das intolerâncias no mar das ignorâncias,
mas, ainda assim, reza.
Confia que a trágica cena de guerra
seja uma pequena flor de inspiração
e esperança em melhores dias
no coração de algum poeta.

.

2 comentários:

  1. Circula capilarmente pelas veias dos seus versos a seiva do Amor pela Humanidade. A meu sentir, para além da temática, do conhecimento da língua, da sonoridade, do ritmo e da imagética, elementos tão ricamente presentes em sua Poesia, esse Amor de coração desembrulhado é que o faz grande poeta. E isso é o que há de mais raro nos poetas, mas está presente em todos os grandes – diferentemente de empilhadores de versos, que também os há em profusão.

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  2. Grato pelas bondosas palavras, mano Tavares Dias, mas eu não sou grande, não. Eu sou apenas "um rapaz latino americano sem dinheiro no banco"! E você está se candidatando a ser meu prefaciador. rsrsrs

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