domingo, 30 de novembro de 2014

Engenho















                                           Para Karla Nascimento

Ao final, a ramagem de cipreste alisou-se fina
em cabelos e acalmou o agreste chão,
polvilhado em desmantelos.
Aquelas viagens longas, tornaram-se mais breves
valorizando, enfim, as lembranças mais leves.

Ao final, arrebentou-se solene aquela semente
que anteriormente era a mais resistente.
Serenou-se o espetáculo notável dos ímpetos
e as astúcias, folgaram-se aliviadas nos vínculos.

Ao final, sob o efeito nutriente de um vendaval,
os passarinhos mais velhos e enfraquecidos,
resolveram visitar um deus marinho, e o sacrifício
encontrou no azul límpido o final de um crucifixo.

Ao final, tornaram-se planas as ladeiras agudas e
serena, a descrença insana recitou uma sutra
porque em paz, os esplendores acordaram-se do sono
mundano para o incandescente brilho e a pele gasta
no engano, valorizou as rugas na estrada de cada ciclo.

Ao final, a nuvem fria transformou-se em alegria,
o engenho do tempo dissolveu as esquinas e,
num antigo madrigal, as antipatias rederam-se mínimas.

Ao final, cada objeto em repouso agradeceu
seu lugar de pouso e rendeu graças ao Vigia,
pois tudo se resolveu misteriosamente
como não se sabia e fossem desnecessárias
aquelas preocupações insistentes do início do dia.




.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Reverbere!