quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Olhos roídos














Ando à toa no sentido de
um sujeito qualquer pela cidade.
Faço minha, a responsabilidade
de andar com os olhos roídos,
a procurar o sentido perdido
do verbo amar.
Faço-me intencionalmente distraído
numa astúcia lúcida,
e espicho o pescoço
para avistar algum rosto
que esteja amando de verdade.
Mas na cidade tudo é misturado.
Confunde-se alhos em bugalhos
e cisnes em farrapos,
e o amor é uma distração
disfarçada nas frases da televisão.
Ama-se dizendo eu te amo toda hora,
sem se importar que o amor
é a solidariedade que vigora
e queima o fogo prazeroso
na vastidão do gozo sem
se extinguir a toda hora.




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2 comentários:

  1. Acho que já virou descartável também, Bispo, a palavra da moda é já. Abração.

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  2. Infelizmente é isso mesmo, querido Dario Banas! Grande abraço e agradeço muito seu carinho e atenção com as minhas publicações!!!

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