quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Carnaval













Folia de carnaval nunca esteve em mim,
que nasci com os dois pés esquerdos
e uma timidez que não tem fim.
Meu desvario é com o rio
nas asas de um bem-te-vi,
saltando entre bananeiras
e ingazeiros para saudar o fevereiro.

No lugar da alegria prefiro
uma tristeza ao contemplar
as cenas imperfeitas e uma saudade
que às vezes me invade.

Minha fantasia de vidrilho
é ver os meus filhos indo
mais longe do que eu  no mundo,
de mãos em mãos, revelando aos outros
o que se passa em meu coração.

Creio que deve haver uma cidade
de outrora dissolvida em lembranças
quase mortas, um lugar em que
o luar me atinja por inteiro.
Sou esse tipo de brasileiro diferente,
que não samba e nem joga bola,
que descansa na sombra calma das horas
e balança no fluxo das alegorias.
Minha poesia é feita de silêncio e fuga.
Somente quando fujo da multidão
é que encontro a lua.

.

2 comentários:

  1. La timidez y el silencio es sin duda uno de los secretos de tu poesía y de tu encanto.

    Abrazo grande, Bispo.

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  2. Gratíssimo, Indigo Horizonte. Você é que tem um coração do tamanho do mundo e cheio de encantos! Abraços, querida!

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