sexta-feira, 7 de março de 2014

Ausência















Lavei minha alma toda em cloro
mas a nódoa, há muito impregnada,
insistiu-se derramada no colo,
como são as mágoas das coisas paradas.

Pensei na chuva e na ventania
que acariciam a casa abandonada
e o vento entrou-me num sopro
e se pôs varrendo o assoalho da alma

Então, passei os olhos na mata
e os meus olhos ficaram esverdeados
como se tivessem visto esmeralda
e se acendesse de verde a minha casa.

Lancei também o olhar no rio
e os meus olhos ficaram lacrimejados
como se tivesse boiado um cisco
da profundeza das coisas guardadas.

Senti, então, que a Natureza solene
revolve as manchas estagnadas
se nos deixamos um pouco ausentes
e nadamos em seu poço de graças.



(Foto de Dió Freitas)

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2 comentários:

  1. Bispo e Dió,
    obrigada pelo presente!
    Míria Núbia

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  2. Maria Thereza, e pensar que eu te peguei no colo, heim? Eu é que agradeço a sua presença e que Deus sempre te abençoe: a você e à sua mãe, Míria Núbia! Beijocas nas duas.

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