sábado, 22 de fevereiro de 2014

Vertigem Luminosa















Por mais que se fecunde Jung, aí está
Arthur Bispo do Rosário com sua capa alada
a tomar café com os anjos
e a comer versículos brancos.
Passeia com seu manto sagrado entre os homens
ouvindo as distâncias do longe
em inocência bem-aventurada.
No reduto fundo dos ouvidos,
os ventos marítimos trazem domínios
dos cavalos marinhos e a lua cheia
dos encantos da sereia.
Diversos seres andam em sua companhia
guiados pela Virgem Maria e
vindos do alto infinito das permanências
de onde saltam os pássaros ligeiros,
trazendo promessas de mensageiros.

Por mais que se diga imune,
aí está a razão despetalada
pelos algoritmos da cigarra.
Na semente das flores guardadas na mala
passeia com a sua capa sagrada de apocalipse
na sombra de Orfeu e Eurídice,
entoando ternura que sempre se espalha.
Arthur Bispo do Rosário
bate um sapato no tablado do assoalho
ao fazer barulho que desperta em sobressalto.
Ecce homo, felicíssimo em seu abandono,
encastelado na torre da igreja
e de andorinhas enfeitado no horizonte esfogueado!
A alma, na esquina, se adeja inflada
em vertigem luminosa ao inebriar-se
do vinho e do minério que almoça.
Eis o Bispo do Rosário que tem
o coração em formato de rosa!


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2 comentários:

  1. Sou fã da vida desse cara! Nossa, vi a imagem e cheguei atraída. Se era sobre ele, escrito por você, só poderia ser o que foi: e vim correndo...rs ótimo!

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  2. Eu também sou fã dele, Tania. É um "tio" meu adotado pelo sobrenome (embora não tenhamos nenhum parentesco, que eu conheça). O trabalho dele é maravilhoso. Pena que seja pouco valorizado e conhecido no Brasil (isso, pelo grande público). Abraços.

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Reverbere!