domingo, 9 de fevereiro de 2014

Retrato















Depois de dois dias,
no laudo,
registrou-se
o olhar de peixe
e os gritos
escondidos na parede;
o batom vermelho-alizarina
no vão da sexta-feira ainda;
o dinheiro espalhado
na poltrona
e a retina
congelada
de uma santa;
as pernas arqueadas
e o cabelo de piaçaba.
O corpo permanecera
estrangulado numa ilha
e a solidão da cartilha,
estampada.
O rabecão levou Suzana
com
os ossos
em vergalhão
e depois
a depositaram
num campo sagrado
em que os passarinhos
cantam nas covas indigentes,
onde o capim-gordura
e as baratas crescem em dentes,
onde o veludo das caranguejeiras agasalha
as noites menos duras do que aquelas em vida, traiçoeiras.



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