quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Paregórico

















Eu retenho no olhar
o musgo de um carvalho e
as favas da baunilha.
A esperança, essa vadia,
é muito velha e muito bela e,
quando se faz de doce, caramela.

Dança no centro da língua
na glândula salivar,
digerindo quem morreu à míngua
e foi parar no ar
porque há esperança, ainda,
para ele se levantar.

Eu me sujo de terra porque
sou repleto de bulbos plenos
de primavera.

Afinal, é nas palavras
que as flores e a esperança,
enfim, amanhecem.
As palavras e seus elixires
recitam fórmulas velhas
muito ouvidas e desejadas,
guardadas em vestíbulos
e, em pedidos, usadas.

As flores guardam seus pendores
debaixo da terra e a sua voz, em
algum ourives, reverbera.
Reverbero no olhar de musgo
o doce da esperança porque
sinto-me lúcido e quem espera
sempre alcança.



.

6 comentários:

  1. Grato, mano. Você também. O seu blogue está muito bonito. Grande abraço.

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  2. La pequeñez de un pequeño saltamontes. La pequeñez de quien sabe la primavera y la sorbe. La pequeñez que es grande, tan grande.

    Abrazo, grande, Bispo.

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  3. Aqui no Brasil, chamamos o saltamontes de esperança porque ele tem (tradicionalmente) a cor verde do broto, da novidade, do viço e tudo o que é novo tende a desabrochar para vida. Abraço grande, Núria!

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    1. Otro para ti, Bispo. Me gustan los saltamontes.

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    2. Eu também, Núria. Eu também. Saltar montes é uma grande virtude pra qualquer um. rs. Abraço grande.

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Reverbere!