sábado, 11 de janeiro de 2014

Na antiguidade




















                             Para Karla Nascimento                                                          

Quando eu ainda não tinha idade no
livro da antiguidade, tinha claras lembranças.
Andava rico de personalidade
e pobre de definição, feito criança.

Quando eu ainda não tinha roupas nem sapatos,
sentava-me nu para observar a longa rua
e o ritmo das pessoas, olhando os astros.
Admirava o fluxo vibrante da densidade dos corpos
plantados no mapa e sob um céu de aeropausa.

Quando eu ainda não tinha raízes,
atraía as nuvens magras de algodão leve
sem cintos ou cadarços
que incensavam as pessoas descalças.
Queria ser incensado em finura de fechadura
e evaporar para outros tantos espaços.

Quando eu ainda não era homem
e nem sequer tinha um nome,
guardava a ânsia de encontrar outra alma.
Vagava cantando, chamando por nomes,
pedindo ao azul um encontro de almas.

Foi quando vi você andando distraída,
olhando as borboletas e o jardim sem fim,
admirando as nuvens em formas de querubim,
sonhando um sonho parecido com o meu
e, desde então e sempre, eu sempre fui só seu.






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Reverbere!