Quando eu me
recordar das velhas canções
que já cantei e
nelas localizar os desvios e desvãos
de tantos nãos,
talvez eu me
arrependa do tanto que me enganei
e repita, como
numa reza, as antigas promessas,
mas, por hora,
tenho comigo que os enganos
deste meu modo de
ser tão humano
em sua
insistência de tartaruga
na longa jornada
pela infinita rua
são a raiz
magnífica de tudo.
Por isso, eu sigo
e não me culpo.
Vou sem pressa e
lentamente
feito uma criança
que desperta
e ao olhar à sua
volta, desatentamente,
não repara a luz
da janela
nem os detalhes
do quarto dela.
Quando eu me
recordar de velhas canções
que descortinam a
vida
e das desilusões
nela tão repetidas,
talvez eu queira
me esquecer de tantas
cidades cruzadas
e das vezes em que, na madrugada,
quando mais
distraída estava a alma,
deixei de vigiar
a enchente
e, em minhas
incapacidades de gente,
muitas vezes, me
fiz de valente.
Quis ser o que
não era para romper
o inverno em
primaveras
e conquistar,
outra vez, sem alarde,
esta fugaz
sensação de felicidade.
Quando eu, uma vez
mais, quiser desvendar tudo
naquela ambição
de abarcar o mundo
e quiser penetrar
no império que há na luz dos mistérios
onde residem as
respostas
feito trilhas
limpas na escuridão morta,
talvez eu saiba
comemorar este tesouro que ainda
desconheço e sempre
me convenço de que o mereço.
Este enredo que
não sei e que me aguça aos sentidos
num indefinível
sussurro aos meus ouvidos,
este lago
guardador de atlântidas,
esta alegoria
epifânica, este algo imenso e duradouro,
que me persegue
feito um touro
na eternidade
desta arena.
.
mas, por hora, tenho comigo que os enganos
ResponderExcluirdeste meu modo de ser tão humano
em sua insistência de tartaruga
na longa jornada pela infinita rua
são a raiz magnífica de tudo.
Bispo, destaquei esses versos, porque, numa espécie de sincronicidade, rtraduzem descobertas minhas tão recentes e tão reveladoras... Meu amigo, que grande tudo isso! Tão oportuno te ler aqui, agora...
Beijos,
É verdade, Tania. A gente anda é devagar, bem devagarinho... tão devagar que às vezes tem-se a impressão de que não estamos nos locomovendo mas, no tempo da humanidade, tudo isso é muito perfectível e, por isso, magnífico. Beijocas, mana.
ResponderExcluirPor hora também tenho comigo que os meus enganos são necessários.
ResponderExcluirPor hora também tenho comigo um bocado de dor e poesia e vontade ainda de vida.
Por hora, venho ler os poetas.
Por hora, venho fazer mais uma curva dentro do giro das palavras.
beijo, Bispo!
eu me recordo sempre das velhas canções.
ResponderExcluirainda hoje escutava "poeira nos olhos", que vicente barreto tatuou na nossa mocidade.
nem, desvios, nem desvãos: a trajetória é certa, como a linha da vida: nascedouro, morredouro, a beleza reservada à jornada.
ô, terêncio, tem que visitar o blog dos colegas também, viu, seu moço?
e deixar recadinho, bonitinho, pro caldo coletivo engrossar.
beijão, do
terêncio.
Tá falado, comandante (rsrsrs). Pódeixar. Ficarei ligado igual barata em proximidades de galinheiro!!! Abraço, Terenço.
ResponderExcluirBípede Falante, navegar é preciso, como já dizia o poeta. Então, vamos pra frente velejando. Ainda bem que temos a poesia que nos guia a parte alguma a não ser para nós mesmos. Beijocas.
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