domingo, 8 de junho de 2014

Futebol

















Na paixão do povo não importa o miolo,
não importa a gema do ovo
se o que mais vale é o gosto.
Pouco importa se o tronco é oco
e se isso é algo bobo.
Na paixão do povo existe sempre um lobo
porque há, em toda paixão, aquele fogo,
aquela tempestade por pouco.
E é assim que a bola está no gramado
e em noventa e poucos minutos haverá o resultado.
Naquele retângulo verde haverá duas redes,
inicialmente dormindo quietas,
mas que sonham e têm pressa de abraçar a bola.
Sobre elas haverá algo a ser dito
quando a bola vencer o trajeto percorrido,
indo  morrer dentro de seus domínios.
Isso quase sempre é inevitável,
a não ser no zero a zero,
pois a bola e a rede se desejam sempre
da mesma forma que a água deseja a sede.
Num destino que só ela conhece o melhor caminho,
a bola entra pela trave como se fosse passarinho
e por mais que o goleiro se esforça, passa por ele
repetindo ou inventando moda
e vai descansar lá dentro, orgulhosa do seu invento,
naquele toque que poderá trazer novo mote
às palavras de algum narrador.
É a bola e seu amor nos pés do craque,
arrancando gritos incontidos
para figurar no almanaque.
É gol outra vez do time do coração.
O outro time é que é sempre o freguês.
O meu time, não. É aquele que será campeão!



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2 comentários:

Reverbere!