quarta-feira, 11 de junho de 2014

Ela e o outro


















Foi com o sentimento baldio de andar a esmo
no quintal da miséria  - por ainda não possuir o
necessário - que aprendeu a duras penas que
necessita dos outros, vindo do lado contrário.
Sabe que do lado onde 
a paisagem é preferencialmente litorânea,
carece das montanhas  do outro,  
para configurar o seu jogo de luz e sombra.
Se é preciso caminhar juntos 
e conviver na lapidação diária do brilhante,
então optou por calar-se 
na situação de um caldeirão borbulhante  
e amainou o ímpeto impensado de suas respostas.
Ao serem preteridas as suas propostas,
já não protesta como protestava antes,
quando achava que toda discussão 
era uma luta acirrada de egos.
Ao ser desafiada, agora, 
o eco de sua fala já não responde, se cala.
Com esmero, se esforça em guardar a todo instante
em que habita o planalto, 
a vertigem descansada das planícies
da mesma forma que o cerrado planificado
valoriza as araucárias em riste.
O coração apascentado, que às vezes não corria
por achar que todas as coisas fluem devagar,
continua serenado mas, agora, tem pressa de chegar.
Adotou como velocidade o silêncio que anseia
no fleuma veloz da urgência 
em outra consciência para caminhar.
Agora, ela retirou-se da arena das lutas.
Deitou-se no chão para a grande chuva
e por ali ficou a observar o horizonte longilíneo,  
que não possui qualquer declínio e que é um painel
permanentemente  aberto e  belo.
Não mais ignora que a sede do subsolo pela alma gasosa
da nuvem celestial é tal qual a altura desejosa
que anseia acolher a profundeza abismal.
Vertical e horizontal, 
o seu mundo é agora um enorme espelho,
latifúndio de espantos por onde sustenta o seu peso.


..


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