sábado, 20 de outubro de 2012

Sílaba

















No ímpeto de sondar
brumosas florestas
e cavernas debaixo de rios
forrados por pedras,
meu coração de ferro
gosta de inventar atalhos
e soletrar paixões
com aspecto de cactos.
Ao desembrulhar-se em cidadelas,
deixa às claras seus rumores e
retira dos bolsos as mãos
de esmoleiro para inventar
coisas com feições
de pássaros e morcegos.
Nas asas do pássaro,
raio a manhã obtusa
exibindo um poema
em minha blusa.
Nas barbatanas do morcego,
escondo o ângulo da noite exata
voejando armado
feito um guarda-chuva.




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6 comentários:

  1. ...às claras: nas asas e nas barbatanas.

    Muito, muito lindo!
    Beijinho meu.

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  2. Ô Moça de Queluz, tua presença ilumina o poema! Grato pela visita. Beijocas.

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  3. Outro dia, vi cactos em flor e percebi o porquê dos espinhos.
    Outro dia, pensei em sílabas e ouvi melhor as letras das minhas palavras.
    Outro dia, esse blog não existia ainda que já houvesse a sua poesia, fumegando aí.
    Um vivaaaa porque agora também está aqui :)

    beijoss

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  4. Bípede, a realidade "desabrocha surpresas escondidas. Cada qual a arder mais ofegante que a outra". Viva você também, mana querida! Cada dia, mais presença em flor. Beijocas.

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  5. Bispo, paixões com aspecto de cacto é a coisa mais linda, ainda que espinhosa. Faz um tempo entendi a alma dos cactos, e as paixões não podem dispensar mais os espinhos. Que coisa tão bonita teu poema! Eu saio com um pedacinho mais de mim quando encontro palavras que fazem asas em mim.
    Beijos, adorei.

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  6. Querida, fico feliz em transitar por esta via quase telepática das sensibilidades. Viva estes filamentos poéticos que nos irmanam a todos numa grande orquestra! Beijocas.

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Reverbere!