sábado, 18 de maio de 2013

Os sonhadores














Os sonhadores descansam sob a sombra
de uma lembrança cheia de urgências.
Pelo alto das folhas, entre galhos e fendas,
vaza uma réstia de Sol e um cântico antigo
que entoam os pássaros que voam do Pacífico.
Os sonhadores sonham a lenda descansando-se
nas emanações que chegam do paraíso.

Mas não é límpido o pensamento e,
dentro dos esquecimentos, vagamente,
se lembram quando contemplam.

As coisas que enxergam se insinuam belas
em seu envoltório de névoa.
Talvez, vindas de um lugar distante
e, de relance, rapidamente acesas,
dissessem em seu feitio de além:
- Estou aqui também.
Que se diluam todas as tristezas! 

E, introduzidos vez em quando
a um cenário fugidio de flores e canários,
experimentassem nos arrepios algum horário
em que o sereno das estrelas,
entre nuvens, filtrado,
pudesse recompor os corações fragmentados,
os sonhadores sonham com ardores
e abraçam-se às causas como se elas
fossem o ser amado.

Existe uma grande saudade da casa
em que se acha instalada a rosa-dos-ventos.
Os sonhadores fazem, então, um movimento
e absorvendo a claridade do luar,
começam a cantar.

Cantam se apegando à fé de um sonho realizado
e bendizem as coisas boas do passado.
No presente, que está aberto, abrem os braços
para o futuro incerto
e, para as canções da origem,
guardam-se volumosos e em vertigem.
Os sonhadores exorcizam as incompreensões
com o poder sagrado das revelações.







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4 comentários:

  1. Soñé que era soñadora. O tal vez lo era. Ahora ya no sé ni si sueño ni si soy soñadora. Lo que sí sé: siempre ando por las ramas...

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  2. Creio que todos sonhamos lembranças. Os que sonham mais são os que mais se lembram, "mujer de la mancha". Você é uma dessas, com certeza. Besos.

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