sexta-feira, 26 de abril de 2013

Prometeu


















Quando eu canto,
a boca aberta é um diafragma
que abre e fecha.
Pisca a luz em sanfona
e me derrama pela fresta.

Pela boca o mundo declama
e abre o decote do vestido
para outro mundo que mama
com fome de recém-nascido.

E meu corpo velho de alma,
esquartejado e repartido,
entrega-se à fauna
que anseia o que digo.

Mas o mundo em palavra
é fogo redivivo
que acende e se espalha
do velho adormecido

E dentro dos outros
estou comigo
catando seus tesouros
e me fazendo de trigo.



..

6 comentários:

  1. Grato, mano! Pelo incentivo sempre presente e pela presença com a gente! Abração.

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  2. é importante saber-se trigo
    belo poema

    ah
    cuida bem deste corpo velho de alma aí mano

    abs

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  3. Grato, mano. Pode deixar, preciso que ele me carregue por mais um bom tempo! Abração.

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  4. Sentir el trigo, sentir su espiga expandirse y abrirse a la luz, dorarse. En La Mancha ahora el trigo empieza a perder su tono verde y su espiga se tiñe de oro intentando volar y rozar el cielo como tu Prometeo, mientras las viñas se visten de verde y tiñen con su luz verde la tierra roja.

    Abrazo, Bispo. Me ha gustado leerte de nuevo.

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  5. Índigo, viva as cores e os tons. Você sabe como tingir com perfeição um quadro poético. Grato pelo incentivo e pela presença sempre motivadora aqui neste modesto cantinho. Abraços, "mujer de la mancha"!

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Reverbere!