quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Árvores e Telhados






















No luar em círculo - a inscrição das águas do rio.
Do rio à nuvem - a natureza em seu estilo.
Mas, fitá-la em seu esplendor e de modo discreto
requer a remoção do azinhavre dos mistérios.

Pois quem espia a fechadura busca 
a imagem além da curva.
Busca um cortejo de palavras ocultas
porque palavras, ainda que palavras,
não dizem muita coisa
quando apagadas nuvens escondem o luar atrás da moita,
quando a aurora radiosa boicota o seu rosa,
quando o olhar espichado não alcança o telhado.

Segue-se então a rota perigosa da curva
recolhendo seus cheiros e gasturas
justificadas pela fome de lua.

Mas onde está a lua?
Está gozosa e aberta na suburbana noite.
Está corcunda e enrugada no crepom metropolitano
e, sobretudo, agasalha-se nas árvores escuras.
Naquelas em que o mistério é um proclama,
naquelas em que a palpitação da vida raiou-se soberana.


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2 comentários:

  1. Falar da Lua não é para qualquer um. É um verso cravado nos céus noturnos de tempos infindáveis. É preciso saber, conhecer, pressentir o misterioso mundo feminino. É preciso também ter mistérios. E você os tem...rs
    Beijos. Encantada.

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  2. Gratíssimo pelo comentário, mana. Você tem parentesco com o luar: é sempre cheia de encantos. Beijocas!

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