domingo, 8 de dezembro de 2019

Intangível porto
















A cada momento 
descartamos a carne,
essa temporária imagem,
e o momento se vai,
mesmo que sutilmente,
dissolvido na bruma ambiente da memória
que hora se alegra, 
mas, também, chora
para seguir a um lugar distante,
intangível porto que se põe avante
onde haverá sempre outro mar,
esse estanque repouso de vivências
guardadas no embornal dos errantes.
O que se foi guardado fica,
tesouro que na alma habita
disponível a visitas.
Viagem em linha reta,
às vezes oblíqua,
vamos todos carregando canções,
todas gravadas em corações
com tudo o que tivemos e temos.
O passado nunca fica ausente
apesar de novas miragens
que se abrem à frente.
A graça de viver recolhe, coleciona, 
acaricia carinhosamente
as joias que tal e qual
um sopro imortal
moram dentro da gente..




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