quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

O Capital














O micróbio do dinheiro 
na ferida do mendigo
ambiciona e faz medo 
no projeto em que o rico
quando deita se preocupa 
que se afaste o bandido,
que o desastre da falência 
fique longe do seu circo
de aparência e desfile, 
de holofotes e perigos,
de inveja  na revista 
que destila seu prestígio.
O dinheiro cria perna, 
salta longe feito grilo
no mercado da oferta, 
na procura em sigilo
mata fome, vira ponte, 
vira casa, edifício,
operário na labuta 
sempre sua no suplício,
sonha carro, sonha vida, 
sonha roupa, sonha filho
e o dinheiro sempre escapa, 
vai na asa de um trilho
vai pro banco, vira vento, 
roda o mundo no estribilho
sai do cofre, vai no bolso 
e num gesto de esforço
sai do rico e retorna 
bem na rua onde estende
e recebe sorridente
a mão pobre do mendigo.


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