domingo, 13 de abril de 2014

Eu e a flor


















Eu hoje encontrei o amor
plantado ao lado de uma roseira amarela.
As formigas traziam-lhe cubos invisíveis de açúcar
e ele, aberto também em  flor,
dizia-me que o exemplo é o melhor professor.
Em sua graça benigna desnudava todos
os seus enigmas mais freqüentes
de que falam toda gente.

Tinha a fisionomia de uma criança
que descobre o mundo,
balbuciando uma cantiga
e, olhando ao longe
uma lâmpada acesa na forma de estrela,
confia que ela realmente assim seja.
E assim, naquela anunciação tímida
e com uma fragilidade mínima
pode, na fumaça da incerteza,
apropriar-se de um nítido abrigo num casulo
de seda pois a esperança inabalável sempre
será a sua irmã primeira

Eu hoje encontrei o amor.
Estava parado e sorria-me o tempo todo.
Era pequeno numa gota de sereno
e disfarçava a substância celestial
num ar tão natural que nem era percebido.
Diante dele, todo colorido furtava-lhe
a presença amena e era necessário
vista pequena para que fosse visto.

Eu hoje encontrei o amor.
Estava bem ao lado de uma roseira amarela
e usava uma roupa tão simples
que pouco se achava capaz de ser
de sua natureza tamanha gala.

Aos corações de egoísmo insinuava-se
tranqüilo aconselhando-lhes
as formigas e a roseira amarela
que duram na eternidade de suas vidas
um destino de simplicidade e fazem
de cada dia uma aposta de lealdade.

Eu hoje encontrei o amor
ao pé de uma roseira amarela.
Estava ali me esperando com pés
descalços adoçados e era
uma flor tão miúda que quase
parecia nula em sua cor.
Era isso mesmo: uma dádiva ao lado
de uma roseira que estive admirando
a manhã inteira numa simples flor.




Um comentário:

Reverbere!