quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Assim falou Zaratrusta




















Nem a História da Filosofia,
nem a Ciência, nem a Religião.
Eu só me situo no âmbito da Paixão.
Por isso, podem chamar os pássaros!
Que venha cada qual com o bico afiado
impingindo lacerações e felicidades
nas rapsódias em retalhos:
os pássaros de Marte, do gozo, da Arte,
feito vendilhões e biscates.
Os pássaros, que bem sabem a alma e seus tesouros,
os gases voláteis, os cães e as sombras em combustões.

Agora podem chamá-los.
Passei o dia inteiro dando pancadas na fumaça
e eis aqui o homem cansado.
Eis aqui o homem que precisa de outra jornada
em cujas águas revoltas e sem destino
não haja o singelo regato campesino.

Eis agora um homem perdido e que ama se perder.
Há nele um vazio de tabernáculo a arder.
Os arames estão desarmados e os escuros, emoldurados.

Podem chamar os pássaros.
Aqueles que trazem o cimo dos prédios
em forma de remédios.
Os que viajam em altíssima velocidade
para arrebatar montanhas dissolvidas.

Já retirei a vidraça dos olhos
para receber o assédio que vivifica.
Preparei meu cabedal de lama e o lençol
da cama para pousar imagens
de todos os pássaros que sejam espaçonaves.


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3 comentários:

  1. Estou investindo na metafísica por um novo caminho: o de estar no aqui e agora, embora Borges tenha dito que o presente não existe. Sentir no âmbito da Paixão, assim grafada em maiúscula, é adentrar o infinito desse instante. Embriagante, Bispo!

    Beijos,

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  2. Taninha, o presente encarado de frente é o que há. Se o negamos em nome de algum subterfúgio, como o futuro haverá? Então, salve o instante pulsante, o aqui e agora e, neste, a Paixão incontida, já que é esta que acende o curto pavio da vida. Beijocas e grato pela presença incentivadora!

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Reverbere!