quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

À sombra do dente















Para o anseio de conhecer-se a si mesmo
o Sol é uma bola esbranquiçada.
Ao erguer-se da poltrona
ela cospe uma bola de sangue,
depois deita  com a boca anestesiada.
A perfuratriz murmureja e faz
escavações arqueológicas
nas regiões do submundo.
Ela sente que não acredita em mais nada.
Na raiz da crença, abaixo do dente,
está a amálgama de chumbo.
Ao fragmentar-se em pedaços,
o metal é cuspido na pia.
Um filete intermitente de água
dissolve-lhe a opinião sobre a justiça,
política, filosofia e religião.
Agora, só existe a boca anestesiada,
e assim ficará até que volte para a casa.
Até poder sentir novamente o gosto da vida
gerado  por outra metanarrativa.


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4 comentários:

  1. Grato Hedergáspio, pelo comentário e pela visita. Seja sempre bem vindo! Abraço.

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  2. Bispo, parece que há várias cabeças e vários corações nesse poeta, heim? rs Muito bom, forte poema.

    Beijos,

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  3. É que de vez em quando eu tento fazer o exercício de me reinventar, Taninha. Grato pelo carinho. Beijocas.

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