domingo, 13 de julho de 2014

Espetáculo















Eu me guardo na casa da amada mansamente,
como quem se guarda em si ausente,
deixando esquecida, na curva, a picuinha mais escassa,
embrulhada em papel presente na varanda da casa.

Cada lampejo meu é um lugarejo de palavra
no qual compartilho a emoção palmilhada.
Do meu amor florescem sinfonias de pássaros
no canto que dedico à legião dos desterrados.

Pois quem ainda não encontrou o amor
é como se fosse uma árvore vazia e oca,
sem a seiva da vida e sem a alegria moça
que faz da vigília, objeto de todo esplendor.

Cada momento agradável é biodegradável
e permanece instalado num ar de setembro.
Ar de novidade e de surpresa inabalável,
acendendo a felicidade num dia cinzento.

As picuinhas, que deveriam ser obstáculo,
são, em verdade, parte indissociável do espetáculo.
Cada um de seus motivos, em sua pegada,
desenha nas pedras a direção da jornada,
que tem fogo, cheiro e flores de paraíso.


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2 comentários:

  1. "Pois quem ainda não encontrou o amor
    é como se fosse uma árvore vazia e oca"

    Só por si valem um poema inteiro!

    Bj

    Lídia

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  2. Grato, Lídia Borges. Que bom que você gostou! O amor é mesmo um sentimento muito especial e sempre faltarão palavras para descrevê-lo. Beijocas e grato pela visita!

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Reverbere!