sábado, 27 de julho de 2013

CANTIGA






A arte de arrematar fagulhas é meu objeto de estudo
porque o poente lúcido, apesar do escuro, ainda canta.
Pesquiso então os dias de chuva,
o cinza estendido, o movimento insólito do bólido,
e o que encontro é só esperança.

Estico a mão além do limite
porque por mais que eu tire
há sempre algo a alcançar.
Calibro, então, o grau proibido
e contrato galos arrombando manhãs.
Em cada caixa há desistências vãs
pois que  cada dia e seu segredo devem ser objeto de desejo.

Eu canto porque o incrível está escondido no intangível
assim como joio no trigo ou o ouro no cascalho.
Investir no extraordinário sob qualquer risco
é minha obrigação mesmo que num mar de ilusão
esteja náufraga a receita salvadora,
a miragem redentora, que abraçará meu coração.


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8 comentários:

  1. Es una preciosa cántiga... nunca naufragará la ilusión del que sigue buscando, de quien sigue soñando, de quien sigue buscando lo intangible, sorbiendo lo bella y cantándole. Precioso, Bispo, precioso.

    ¿Por cierto, te ha dicho Roberto que nos vemos en Santiago? Ya tengo ganas de daros a ambos un enorme abrazo.

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  2. me comovi...
    também canto porque o incrível está escondido no intangível.
    beijo

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  3. Sim, Indigo, a esperança no que há de vir é o que nos move!Principalmente a crença em dias melhores. O intangível é o lugar onde ela melhor se instala! Grato pela sua presença e constante incentivo ao meu trabalho. O Roberto me disse sim, que nos encontraremos pessoalmente na Espanha em setembro. Disse-me também que você está traduzindo alguns textos nossos para a língua Espanhola. Isso muito me alegra.Aguardo ansioso pela oportunidade de abraçá-la pessoalmente. Abraços, "Mujer de La Mancha".

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  4. É isso aí, Marquinho Pizano! Que venham os dias melhores! Grande abraço, mano querido.

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  5. Bípede amiga, somos vinho da mesma pipa e, com certeza, viemos da mesma fonte. Viva a sensibilidade, força maior que nos une! Beijocas

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  6. bispo,
    pessoas como você são assim, sacaram antes a necessidade de olhar e obter nadas, via-entendimento e vontade de querer abiscoitar o inabiscoitável, o que não se pega com as mãos.

    (o ser humano, como um todo, é assim e não sabe, posto que a vida é éter)

    sou seu fã, menino da Esmeralda.
    desde sempre.

    abração,
    r.

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  7. Opa, bacana, mano! E viva o Éter da Vida! Também sou seu fã, Menino de São Raimundo (da Topázio). Principalmente, da sua capacidade agregadora de trazer pra si as boas amizades através deste dom precioso que você tem, que é sua alegria. E vamos caminhando em frente que trás vem gente. Rs. Abração.

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Reverbere!