quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O artista
















A seu modo, o artista malabarista na corda bamba,
faz da vida seu rumo enquanto anda.
O seu voto é uma espécie
de sacerdócio no palco do mundo.
Às vezes ele vaga anônimo e,
num aparente ócio, enquanto espanta,
taxam-lhe de vagabundo.
Na casa da arte, o seu pseudônimo
é uma identidade e o percurso indefinido
em trilha aleatória, por tantas tentativas distantes,
enche-lhe a vasilha vazia de sopa
com a multidão incontável de instantes e pessoas.

Há quem diga que os grandes artistas
deveriam ser preservados e eternos,
mas, para o bem de todas expectativas,
ao serem efêmeras e rápidas as suas visitas,
fica esse rastro luminoso de cismas
no caminho do êxodo de um povo,
que necessita de luminosidade e fogo
no deserto para alcançar a terra prometida.

A herança de todo Prometeu engorda
o saldo da conta, mesmo quando não se obtém fama
e, de repente, a Arte é um estado de espírito
que, por mais que pareça esquisito, dá-se.




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