No vidro da
janela de ferro, esquecemos o ser fraterno.
A solidariedade é gardênia que não necessita
vênia para vagar misturada aos muitos
vapores de cidade.
Confunde-se no perfume amadeirado da
moça
que desfila leve na via alegre do dia
ensolarado
que deve rejeitar pensamentos tristes
da mazela milenar que no mundo existe.
Confunde-se no cheiro de comida e sucos
que sai de cada restaurante,
convidando ao preço de tudo, o lanche.
Confunde-se no expansionismo romano
de uma cartilha de egoísmo na qual nos
formamos.
A sua nobreza, no código civilizado, deveria
ser natural,
mas causa estranheza e deixa estupefato
em maravilhas
aquele que oscila entre o acender e o apagar
nas matilhas.
A febre de amar é fraca nos processos endêmicos.
É distante nos impactos acadêmicos
e o seu vírus tropical viaja no vento a todo canto.
Espalha o seringal dos espantos
nos terrenos barrentos de uma área
que ainda não reconheceu na lição
o pouco que choveu o chão em cada
pranto.
Apesar de tudo, a solidariedade sempre haverá
de escapar
dos depósitos em ataques migratórios a
todos os lugares.
Haverá de esticar os apartamentos do
grande centro
aos quintais onde os esquecimentos virtuais
possam edificar-se concretamente.
A sua chamada para abraçar o indigente é
sutil
dentro da surdez vil que não escuta
apelos,
por estar ocupada em zelos
na conquista de interesses próprios e
não alheios.
Todavia, é essa sinfonia quase inaudível
que convida a aproximação da periferia
insensível
ao foco de atenção naqueles que estendem
a mão
e estão, por assim dizer, embriagados
na miséria que os tornou solitários.
Do outro lado estamos nós, elevados
num voo de albatroz e praticantes, a todo
instante,
do olhar dissimulado que não aceita fardos.
Estamos, também, embriagados na cegueira
de vivermos na beira com esse egoísmo
que ainda não aprendeu o civismo
na prática de um amor solidário.
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