No lodo dos engodos,
a palavra corta o outro lado da faca
e forma um cadafalso enquanto
caça.
É bem capaz de descer do céu para
o esgoto
e fazer nuvem de fumaça
para enganar os outros com sua barca.
Enquanto a palavra afiada dorme
no sossego
do leito em formidáveis ternuras,
no passeio das intenções futuras
multiplicam-se os gatos que
revistam
migalhas nos cantos dos telhados
e estendem a mão ao que acumula.
Se o lado certo repousa,
evolui a lâmina do outro lado
e, numa fraqueza de louça,
a voz que deveria ser um brado,
deita-se em cegueira de
existência
diante da indolência no errado.
Antigos cavalheiros tornam-se
velhacos
e passam a ocupar o espaço alheio
porque o que estivera antes elevado,
confundiu-se por inteiro com o que
há de baixo.
O Cruzeiro do Sul e as baronesas
da lagoa
fazem amizade à queima-roupa,
e as coisas que deveriam ser ditas,
tornam-se esquecidas no fundo da
boca
em nome da palavra solta, que
tornou-se falsa
no interesse ou no leito de sua pausa.
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