Os insetos de Kafka não são apenas as baratas.
Também são os louva-deuses,
espichando-se em girafas,
besouros em barracos,
loucas aranhas em bordados,
e escorpiões nos vãos das tábuas.
Vivem na indigência das praças.
Debaixo dos viadutos,
eles formam vultos
e ficam invisíveis a quem passa.
Ficam à beira do precipício,
alimentando-se de lixo,
e não possuem nacionalidade
ou identidade declarada.
Com uma seta de índio mínimo,
os insetos fazem ataques
em movimento retilíneo
e rolam tempestades das árvores
em ruas mendigadas.
Nas noites de frio são pernilongos ínfimos,
acionando finos violinos em nosso sono,
e parecem dormir felizes
encolhidos debaixo das marquises,
envelhecendo o corpo de carbono.
A matéria dos insetos que voam
não é muito além das asas delgadas.
Aos enxames, em nuvens polvilhadas,
formam hordas errantes e desorganizadas.
Depois, transformam-se em gases
e, no crepúsculo das tardes,
como se nunca tivessem existido,
desaparecem fugazes e sem alarde.
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