Enquanto o Sol
vem vindo,
a razão viaja
dentro do instinto
e os lambaris
bocarra,
em cardumes de
mica e vidrilhos,
reluzem seus
brilhos no fundo da tarrafa.
Enquanto o Sol
vem vindo,
vai-se aos
poucos a névoa sumindo.
A noite havia
sido longa
mas, por haver
aquecido a esperança,
os brilhos
rasgaram a escuridão incerta
e a novidade
arremessou sua flecha.
Agora, a razão descoberta
não está mais
no fundo do espelho.
A sua mão
construtora de devaneios,
escapa da
trivialidade exata
e vai edificar
trilhas nas escarpas,
onde não se
concebia andar
e nem buscar
tesouros ocultos
que fossem tão
evidentes e que neles
guardasse um
susto na revelação displicente
de haverem
estado tão próximos
e de não serem desvendados
enquanto estivéramos sóbrios.
Enquanto o Sol
vem vindo,
o instinto da
pérola, em seu brinco,
reluz na
saliência da parede
e vaza o seu mar
incontido em nossa sede.
Mas o mar do globo
da pérola é puro sal.
Então, salta de
seu ventre a água doce
como se fosse
uma visita ilustre,
e a razão surge
no esmalte de um bule
porque ela já se
havia na luz da cozinha,
apenas não era
observada.
Estava em sua
forma intacta
e aguardava a
chance vagarosa e iluminada
de depositar uma
rosa em nossa tarrafa
onde rebrilhavam os tesouros revelados
e o cardume prateado
dos lambaris bocarra.
.
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