A lavadeira, quando se levanta,
gargareja e balança a anca.
Leva água ao céu da boca
e lava fresca a varanda.
A lavadeira, quando submerge
na beira com voz de anja,
faz festa a manhã inteira na barranca.
Ao meio-dia de manteiga derretida,
lava a vasilha
de fazer comida
e chama chuva, cantando murcha,
em posição de telha-cumbuca.
Quando perambula de volta ao grotão,
espicha a perna na bicicleta
e pedala suada na tarde ordinária,
levando rouca a trouxa de roupa
e a panela na mão.
Quando chega, os braços em tiras,
pano na
cabeça, canta ainda.
Faz janta para a filha e fala da birra
ao vencer aquele dia com a pele
cheia de pés-de-galinha.
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