
A arte de arrematar fagulhas é meu objeto de estudo
porque o poente lúcido, apesar do escuro, ainda canta.
Pesquiso então os dias de chuva,
o cinza estendido, o movimento insólito do bólido,
e o que encontro é só esperança.
Estico a mão além do limite
porque por mais que eu tire
há sempre algo a alcançar.
Calibro, então, o grau proibido
e contrato galos arrombando manhãs.
Em cada caixa há desistências vãs
pois que cada dia e
seu segredo devem ser objeto de desejo.
Eu canto porque o incrível está escondido no intangível
assim como joio no trigo ou o ouro no cascalho.
Investir no extraordinário sob qualquer risco
é minha obrigação mesmo que num mar de ilusão
esteja náufraga a receita salvadora,
a miragem redentora, que abraçará meu coração.