sábado, 25 de maio de 2013
O Homem Amarelo
Eu ando num cenário de urina,
de tempo esmaecido como num filme épico,
de âmbar celofane, de acetato azedo e verniz.
Os pássaros que assobiam minhas manhãs
cantam por sobre as horas amolecidas e lentas,
por sobre os arvoredos antigos que farfalham,
por sobre as coisas do passado que carrego.
Na mão direita guardo a vida toda,
na esquerda, as lacunas e os suspiros.
Eu ando em amarelos e sem espetáculos
porque à minha volta tudo me parece antigo:
A realidade é um castelo velho
em que a aparência faz o instituído.
Já a essência do verdadeiramente belo,
está guardada num estojo aflito,
estagnada no fundo de um abismo,
inalcançável dentre muitos perigos.
Mesmo assim meu ópio é o amarelo
de uma verdade endurecida,
de uma vaidade iludida, de um sono anestésico.
Eu ando em amarelo, tangido pela trilha,
mugindo na paisagem,
acomodado em meu castelo velho.
.
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manuvéi
ResponderExcluirdesejo todas as cores da vida
nas lacunas e nos suspiros
a despeito de todos os perigos
abração
Grato, manuvéi. E vamo que vamo! E que venham os desafios e perigos! Saudades de você! Abração.
ResponderExcluirAi, Bispo... vou imprimir e colar nas paredes amarelas do meu quarto! Abraços!
ResponderExcluirGrato, querida! Suas palavras sempre me motivam muito. Bem grato pela acolhida e a atenção. Abraços.
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