domingo, 29 de dezembro de 2013

As bicicletas
















As bicicletas vaga lumes, na madrugada,
andam silenciosas, entornando piscas no asfalto
e tudo está posto à prova na lua nova.
Ao pedalar o morro alto,
o ciclista vem ser a dor de vencedor
pois a dor que lhe incomoda
é uma prova silenciosa
se o desafio tem no fio o rumo da vitória.

E é distante onde pretende chegar, sem contar na volta.
Ao seguir com determinação asfalto afora,
olha as estrelas e a paisagem coberta.
A noite dorme aquietada na madrugada deserta
onde cantam os grilos e coaxam os sapos.
Os córregos e as árvores mórbidas recitam nos pastos
e o ciclista pedala num ritual que não acaba.
Seu movimento é a clara mágica forçada
pela vontade de ganhar o rumo decidido
no destino que lhe reservou a madrugada.




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domingo, 1 de dezembro de 2013

Felicidade















No jardim espalhado do espaço,
as rosas dos raios serão colhidas
quando assoprarem-se as assertivas.
Não demorará muito para se ouvi-las.
Será o silêncio impossível
da árvore, em primavera, que
apenas num sorriso assevera o seu grito.

E quando alguma rosa tecer um halo
de fiapo de uma veste de anjo,
alguém a avistará
entre uma distância e outra
e perguntará, numa esperança tola:
Será este o presente que me deste?

Mas não é presente apenas para
uma pessoa este canto.
É uma voz que ressoa
e que deve se espalhar numa chuva
feito vento, feito graça,
feito gesto de buda.


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